O mercado de luxo acaba de presenciar uma reviravolta histórica: a Hermès superou a LVMH e se tornou a marca de luxo mais valiosa do mundo. Com uma capitalização de mercado de 276,3 bilhões de dólares, a maison francesa reafirma sua força silenciosa em um momento em que o grupo liderado por Bernard Arnault enfrenta recuos após um desempenho abaixo do esperado no primeiro trimestre de 2025. Segundo a consultora de moda Adriana Verbicario, essa virada é resultado de uma estratégia centrada na tradição, exclusividade e consistência.
Diferentemente de muitas marcas que seguem o fluxo do hype, a Hermès mantém seu foco em produção limitada, excelência artesanal e uma imagem de sobriedade. Para Adriana Verbicario, essa postura é o que garante à maison não apenas longevidade, mas também prestígio duradouro. “A Hermès construiu um império baseado na confiança, não na urgência. Isso a torna mais resiliente, especialmente em tempos de instabilidade econômica global”, comenta.
Essa consistência estratégica vem sendo recompensada no mercado financeiro, colocando a Hermès como a terceira empresa mais valiosa da Europa, atrás apenas da SAP e da Novo Nordisk. Analistas apontam que a força da marca reside em sua capacidade de se manter fiel a seus princípios, sem recorrer a campanhas de marketing agressivas ou expansão descontrolada. Adriana Verbicario, que acompanha o setor de luxo de perto, reforça: “A Hermès não vende apenas produtos — ela vende tempo, história e desejo controlado.”
A rivalidade com a LVMH tem raízes profundas. Em 2010, Bernard Arnault tentou uma aquisição hostil ao comprar silenciosamente 17% da Hermès, mas a família fundadora resistiu e reverteu a manobra. Esse episódio fortaleceu ainda mais a imagem de independência da Hermès. Segundo Adriana Verbicario, “esse embate foi emblemático — mostrou que nem todo império pode ser comprado. A Hermès venceu ao proteger sua essência.”
Hoje, o contraste entre as duas gigantes do luxo é claro. Enquanto a LVMH aposta em um portfólio diversificado e ações de grande impacto, a Hermès segue firme em sua filosofia de exclusividade refinada. A liderança da maison, agora sob Axel Dumas, representa uma continuidade familiar que também reforça a confiança do mercado. Adriana Verbicario destaca que essa proximidade com a origem é rara em conglomerados e, por isso, tão valiosa.
Com a nova posição no topo do setor, a Hermès não apenas redefine o conceito de luxo, mas prova que coerência, tradição e autenticidade continuam sendo os maiores ativos de uma marca. Em um mundo volátil, a maison mostra que o futuro pode — e deve — ser construído com paciência e propósito.